Happiness.Documentary

Olá! Este é o blog oficial de divulgação do documentário que estou fazendo: #HappinessDocumentary e outras divulgações de meu interesse.
Eu já tinha este blog desde 2008. Apenas mudei o nome para o nome do documentário e mantive as publicações anteriores para que as pessoas possam me conhecer um pouco mais.

terça-feira, julho 22, 2008

Lei Maria da Penha na Integra

Mulherada e homens interessados em saber sobre os direitos das mulheres, segue abaixo a Lei 11.340. É uma conquista mais do que justa. Antes tarde do que nunca!!!
A Lei , na íntegra, está no site: http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm , mas gostaria de colocar aqui o cabeçalho, onde explica do que se trata a Lei:

Presidência da RepúblicaCasa CivilSubchefia para Assuntos Jurídicos
LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006.

Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.

Para quem não sabe quem é Maria da Penha, vale a pena ler um pouco sobre ela:
Maria da Penha MaiaA biofarmacêutica Maria da Penha Maia lutou durante 20 anos para ver seu agressor condenado. Ela virou símbolo contra a violência doméstica. Em 1983, o marido de Maria da Penha Maia, o professor universitário Marco Antonio Herredia, tentou matá-la duas vezes. Na primeira vez, deu um tiro e ela ficou paraplégica. Na segunda, tentou eletrocutá-la. Na ocasião, ela tinha 38 anos e três filhas, entre 6 e 2 anos de idade. A investigação começou em junho do mesmo ano, mas a denúncia só foi apresentada ao Ministério Público Estadual em setembro de 1984. Oito anos depois, Herredia foi condenado a oito anos de prisão, mas usou de recursos jurídicos para protelar o cumprimento da pena. O caso chegou à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), que acatou, pela primeira vez, a denúncia de um crime de violência doméstica. Herredia foi preso em 28 de outubro de 2002 e cumpriu dois anos de prisão. Hoje, está em liberdade.Após às tentativas de homicídio, Maria da Penha Maia começou a atuar em movimentos sociais contra violência e impunidade e hoje é coordenadora de Estudos, Pesquisas e Publicações da Associação de Parentes e Amigos de Vítimas de Violência (APAVV) no seu estado, o Ceará. Ela comemorou a aprovação da lei. "Eu acho que a sociedade estava aguardando essa lei. A mulher não tem mais vergonha [de denunciar]. Ela não tinha condição de denunciar e se atendida na preservação da sua vida", lembrou. Maria da Penha recomenda que a mulher denuncie a partir da primeira agressão. "Não adianta conviver. Porque a cada dia essa agressão vai aumentar e terminar em assassinato."

quinta-feira, julho 17, 2008

Outro tipo de mulher nua

Oi pessoal!
Não deixem de ver a apresentação abaixo. Quem me conhece sabe que é o tipo de coisa que tem muito a ver com o que penso. Quem não me conhece, passará a me conhecer um pouco mais.
Sobre a apresentação, gostaria de deixar claro que nem de perto, nem de longe, sou conservadora ou contra posar nua. Estou de acordo com o texto da apresentação porque também acho que a "coisa" toda está banalizada, vulgarizada. É engraçado ver uma inversão de valores neste ponto. É normal vermos mulheres que pousaram nuas falarem que são tímidas, que são muito família, que querem casar na igreja, ter filhos, constituir uma família, dar opiniões conservadores sobre um monte de temas, enfim, fazer a linha "moça bem comportada". Bem, vamos combinar que alguma coisa aí não bate?! É claro que o fato de uma mulher ter pousado nua não significa que ela tenha que ser uma libertina, uma vulgar qualquer, mas eu fico me perguntando como que funciona isto de dizer que "sou muito família" etc. e de repente estar lá, peladona para quem quiser ver. Engraçado que eu, que sempre fui a "ovelha negra" da família e do meio meio social, por ter idéias liberais, irreverentes, ser "moderna", nunca fiquei expondo meu corpo assim, no mais. É verdade que na Espanha, fiz top less, mas em um local que era permitido. O ponto em que quero chegar é que nem sempre a que pousa de comportadinha é tão comportadinha assim e a que é rotulada de não tão comportada assim, pode ter valores bem mais sérios do que se pensa.
Eu, por exemplo, tenho tatuagem, tenho piercing, não sou de nenhuma religião, não acredito em Deus, não acredito em casamento, nunca tive a fantasia de casar em igreja, de vestido branco e tudo mais; sempre fui criativa, irreverente, que gosta de roupas diferentes, que gosta de tudo que é novo, moderno, sempre estive à frente do meu tempo e no entanto, conheço poucas pessoas tão honestas e "politicamente" corretas como eu. Tenho certeza que se um dia eu aparecesse pelada em alguma revista, ninguém acharia estranho porque todo mundo me acha liberal mesmo. Mas ninguém percebe o "estranho da coisa" quando uma destas "boas moças de família" saem nuas, completamente nuas.

http://docs.google.com/Present?docid=djp9336_0fb2msxcj&invite=fdrw6cv

terça-feira, julho 08, 2008

Texto sobre diferenças de gênero

CONTARDO CALLIGARIS

Ser homem ou mulher

A anatomia é o destino? Talvez, mas há lugares em que a mulher pode escolher ser homem

NOS ANOS 1960, "descobrimos" que a identidade de cada gênero, masculino, feminino ou outro (há outros, sim), era construída e imposta pela cultura em que vivíamos. Ou seja, nosso sentimento íntimo de ser homem ou mulher dependia dos valores que nos eram transmitidos: "alguém" nos oferecera bonecas ou soldados e nos propusera futebol ou costura.

A descoberta encorajou a militância igualitária, os papéis sociais de homens e mulheres se aproximaram e, enfim, tornou-se possível sentir-se homem e cuidar das crianças ou fazer bordado, e sentir-se mulher e pensar na vida profissional ou entrar no exército. Isso, sem que ninguém se atormentasse com dúvidas excessivas sobre sua identidade viril ou feminina.
Nas últimas décadas, houve um refluxo: hoje, sentir-se homem ou mulher nos parece ser, antes de mais nada, um efeito da diferença biológica entre os sexos.

Talvez seja por causa das próprias mudanças que mencionei acima: as diferenças culturais entre gêneros se tornaram menos relevantes e procuramos outras, mais "sólidas".

Mas muitos dirão que aconteceu o seguinte: os avanços da ciência mostraram que, na constituição das identidades de gênero, hormônios, genes etc. contam mais do que as palavras e os comportamentos. Ou seja, pouco importa que eu vista você de renda ou de farda, você será ou se sentirá homem ou mulher como mandam a química e a física de seu corpo.

Paradoxalmente, essa posição, que pretende ser materialista, parece apostar na separação de corpo e mente, como se um mundo "real" de genes e hormônios existisse separado do da fala e dos atos da gente (que, cá entre nós, não é menos real). Acho mais provável que haja um mundo só, em que interagem fenômenos descritos de jeitos diversos, mas que pertencem a uma única realidade, a nossa, feita de descargas hormonais, obrigações indumentárias e comportamentais, genes, xingões, chapoletadas, neurotransmissores, conselhos, amores e carícias.

Além disso, é bom não esquecer que a primazia atual das explicações "anatômicas" é, por sua vez, um fato cultural. Ela é a evolução esperada da cultura ocidental moderna, que promove, dessa forma, sua melhor idéia: a de uma humanidade comum a todos, além das diferenças culturais. Por exemplo, para justificar a existência de direitos humanos universais, nada melhor do que uma definição da espécie a partir da biologia comum e não das culturas, que divergem.

Seja como for, o clima de hoje sugere que a anatomia seja o destino. Nesse quadro, é bom meditar sobre um extraordinário artigo de Dan Bilefsky, no "New York Times" de 25 de junho (em www.nytimes.com, procurar "Woman as Family Man"). Bilefsky viajou pelas montanhas do norte da Albânia, onde sobrevivem os restos de uma cultura tradicional, regida por um cânon rigoroso que, entre outras coisas, prescreve a vendeta entre famílias, de geração em geração: vocês matam um dos nossos, nós mataremos um dos seus -sendo que só podem matar e ser mortos os homens das respectivas famílias. "Abril Despedaçado", de Ismail Kadaré (Companhia das Letras), dá uma boa idéia do clima local.

Quem não leu pode assistir ao filme homônimo, de Walter Salles, que transpôs o romance de Kadaré para o norte do Brasil no começo do século 20.
Pergunta: o que acontecia, numa cultura como essa, quando só sobravam as mulheres de uma família? Pois é, no caso, encorajada pelo fato de que, nessa cultura, ser mulher era especialmente chato, uma virgem, livremente, podia decidir ser homem. Ela cortava o cabelo, vestia-se de homem, carregava faca e arma, sentava-se com os homens e com eles rezava na mesquita, matava e era morta nas vendetas e tornava-se patriarca da família.
Belefsky encontrou e fotografou várias mulheres-homens, na faixa dos 80 anos, mulheres que, 60 anos atrás, virgens, renunciaram à vida sexual e decidiram ser homens. E, de fato, sentiram-se e foram homens. Na verdade, ainda são: no pleno exercício de seu patriarcado.

O que assombra nessa história, aliás, não é só a construção cultural do gênero, mas a incrível liberdade que se revelava possível numa sociedade estritamente tradicional (a gente pensa, em geral, que a liberdade de escolha seja coisa exclusivamente nossa).

Queria prestar homenagem a Ruth Cardoso. O jeito foi escrever sobre algo que, onde quer que ela esteja hoje, talvez a interesse.

ccalligari@uol.com.br
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