Um mosquito pode ser mais forte que uma nação?
Aí “varea”, né? Brincadeira com o
Português à parte pode ser que um mosquito seja mais forte que uma nação –
epidemia – ou várias nações – pandemia.
Quando eu me refiro a “um”
mosquito, primeiro, me refiro ao tipo – artigo – para, em um segundo momento,
me referir ao numeral.
Ao “um” artigo porque me refiro
ao mosquito “Aedes Aegypti”. Ao “um”
numeral porque me refiro somente a esta espécie e não às demais espécies de
mosquito.
Bem, dito isto, vocês sabem que
ultimamente este mosquito, ou melhor dizendo, esta “mosquita”, já que é a fêmea
a encarregada de picar e transmitir as doenças, há meses vem ganhando destaque
diário em todas as formas de comunicação. Tem gente que não aguenta mais falar
deste assunto, mas é necessário divulgar ao máximo, exaustivamente, porque o
assunto é grave e trás à tona uma série de outros assuntos graves.
O fato é que estamos já no 1 X 0
para o mosquito porque de uma endemia passou para uma epidemia e de uma epidemia
passou para uma pandemia e depois que saiu do Brasil e foi parar em outros
países, alguns dos quais bem ricos, a coisa mudou de figura e a Organização
Mundial de Saúde – OMS - se manifestou, a comunidade científica nacional e
internacional também vem se manifestando e o governo, claro, procurando uma
solução, todos unindo esforços para entender, conhecer e achar uma vacina, um
remédio para um problema que começou lá atrás, com os primeiros casos de Dengue.
E lá atrás deveriam ter buscado soluções para conter o Aedes Aegypti,, mas isto
não aconteceu e estamos onde estamos...
Não dá para se reclamar da
existência de insetos morando em um país tropical. Todos sabem disto, mas daí a
não perceber a diferença da proliferação de uma espécie e as condições que
levam a este tipo de “fenômeno” da natureza, já é bem diferente.
Como se não bastasse uma única
espécie de mosquito transmitir uma série de doenças já comprovadas, e outras doenças
suspeitas, que ainda estão sendo estudadas, a reprodução do mosquito está associada
à falta de higiene, às más condições sanitárias, e este é o ponto que eu queria
chegar.
Eu conheço praticamente todo
Brasil. Já viajei, por motivos de trabalho e lazer, para vários lugares
turísticos e outros que as pessoas não gostariam de conhecer. Tem lugares no
Brasil que vivem praticamente como se vivia na Idade Média. Já ouviram falar da
Peste Negra, né? A pandemia de peste bubônica que assolou a Europa em meados do
século XIV. A enfermidade e a peste rondavam a vida das pessoas. Obter água
limpa para beber e cozinhar era um problema, pois o conteúdo das fossas
infiltrava-se no solo e contaminava os poços. Lixo, resíduos de curtume e
matadouros a céu aberto poluíam os rios. Qualquer semelhança não é mera
coincidência...
Eu até escrevi sobre isto há
alguns anos, quando fui ao Jalapão, estado do Tocantins, e fiquei impressionada
com três coisas: o calor, que é de matar! As belezas naturais, e quando digo
naturais, são naturais mesmo, quase não tocadas pelo homem; e, por último, a
falta de infraestrutura que as comunidades dali vivem.
O Jalapão é só um exemplo, mas
existem, infelizmente, muitos mais e piores do que lá vivendo sem nenhum ou
muito pouco saneamento básico. São Paulo, a maior capital do País, uma das
maiores do mundo, tem vários locais assim, com esgoto a céu aberto.
Eu nem vou entrar nas estatísticas
para não tornar este texto muito longo. Basta que você, caro leitor ou leitora,
entre no site do IBGE e procure informações a este respeito. O espanto é
garantido!
Muitos brasileiros e brasileiras
sofrem de várias doenças, inclusive vindo a óbito, por problemas de saneamento.
Contaminação das águas e do solo, adoecimento da população, deslizamentos e
inundações, além dos lixões e lixinhos a céu aberto. Todas essas são
consequências da falta de políticas efetivas de saneamento básico. Agora, para
somar a esta equação pouco resolvida, veio mais um vilão: o mosquito que
deposita seus ovos justamente nestes lugares, ou nas casas, apartamentos,
terrenos, enfim, qualquer lugar onde haja água parada.
Esperamos, pelo menos eu espero,
que o destaque negativo que o Brasil está tendo na mídia nacional e
internacional, por causa do mosquito, que há alguns anos era o mosquito da Dengue,
mas que agora é o mosquito da Dengue, da
Chicungunha e da Zika, este último que
tem causado maior pânico pois está associada às causas de microcefalia e também
a outras síndromes neurológicas como a de Guillain-Barrém, ajude a resolver boa
parte do problema de saneamento básico brasileiro.
Para finalizar eu deixo a
pergunta que vale bilhões da Lava Jato: por que não há saneamento? (Clara Santos)