Happiness.Documentary

Olá! Este é o blog oficial de divulgação do documentário que estou fazendo: #HappinessDocumentary e outras divulgações de meu interesse.
Eu já tinha este blog desde 2008. Apenas mudei o nome para o nome do documentário e mantive as publicações anteriores para que as pessoas possam me conhecer um pouco mais.

sábado, outubro 06, 2012

VOTO NÃO TEM PREÇO TEM CONSEQUÊNCIA

Gosto de política mas geralmente não me involvo muito nem dou muitos pitacos, mas desta vez resolvi escrever algo. Segue meu texto, escrito hoje, sábado, às vésperas das eleições. Dizer para alguém votar “certo” é um conceito bastante prepotente, arrogante. Pela lógica, dizer a alguém para votar certo é dizer não vote “errado”. E isto por si só já é partir de um conceito pessoal, muito próprio do que é certo ou errado. E é aí que está a prepotência, a arrogância porque o que é certo ou errado para um pode não ser para o outro. Quem se julga mais politizado, consciente, informado ou seja lá que outro adjetivo, óbvio que vai achar que está votando certo, de acordo com suas crenças partidárias, religiosas, por afinidade, por conhecer o/a candidato/a, por tradição de família etc. Uma série de motivos fazem as pessoas acharem que estão votando certo. Outras pessoas votam pensando nos privilégios que poderão tirar deste voto. Em outras palavras, isto também é vender o voto. O pior é que tem muita gente muito bem instruída que faz isto. Mas tem muita gente que vende o voto sem ter a menor noção das consequências. Gente que não tem a menor noção de quem são os candidatos, suas origens, plataforma, a qual partido pertence e o que este partido representa; gente que não sabe quem está no governo atual etc. e vende, na verdade nem vende, é mais uma troca, o voto por uma cesta básica, um par de sapatos novos, uma ferramenta de trabalho, as famosas dentaduras ou qualquer outra coisa que para aquela pessoa faz muita diferença e para o candidato então estes votos podem determinar a eleição. Outro erro muito comum, que realmente é difícil de entender, é a pessoa dizer que vai votar no outro porque sabe que o seu candidato não tem chances. Quem inventou tamanha falta de bom senso? O teu voto é parte de ti. Não importa se teu candidato tem chances ou não. Se fosse partir deste princípio ninguém ganhava. Não abra mão do seu candidato se realmente acreditas nele. Não importa se ele não ganhar agora. Tua consciência estará tranquila. Eu conheço pouquíssimas pessoas que acompanham política e os políticos, que investigam quem são, suas origens, suas propostas, sua vida pregressa, se é candidato “ficha limpa”. Muita gente vota acompanhando seu partido, independente do candidato. Outros, ao contrário, votam pelo candidato, independente de qual partido ele esteja, já que aqui no Brasil é comum mudar de partido. A Lei Ficha Limpa foi aprovada graças à mobilização de milhões de brasileiros e se tornou um marco fundamental para a democracia e a luta contra a corrupção e a impunidade no país. Trata-se de uma conquista de todos os brasileiros e brasileiras. Para garantir que essa vontade popular se reflita nestas e nas próximas eleições, a Articulação Brasileira contra a Corrupção e a Impunidade (ABRACCI), mantém o sítio Ficha Limpa – um instrumento de controle social da Lei Ficha Limpa e uma ação de valorização do seu voto. Verifique o candidato em: http://www.fichalimpa.org.br/ As condutas de comprar e vender votos enfraquece profundamente o Estado Democrático de Direito, além de constituir o passaporte para privilegiar interesses privados, em geral, nada ligados às necessidades mais amplas da população. Quando uma pessoa tem um mínimo de instrução e ainda assim vende seu voto, deveria se punida tanto quanto o político que compra esse voto. O político que compra votos tem uma falha grave de caráter. Não se garante, não consegue ganhar por méritos próprios, não sabe competir e, dificilmente, está entrando na política pensando no bem comum. Está pensando em si mesmo. Sabiamente, a Lei 9.840/99 (http://mcce.org.br/sites/default/files/MCCE_NOVA_CARTILHA_9840.pdf ) define a venda de votos como a possibilidade de um candidato doar, oferecer, prometer e entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal para obter seu voto. É preciso notar que, mesmo não sendo a oferta aceita, já se consuma o crime eleitoral. Em face disso, para que a corrupção eleitoral tenha fôlego curto ou nenhum, torna-se necessário punir, exemplarmente, tanto o corruptor quanto o corrompido. Texto escrito pela jornalista Clara Santos. Euzinha!

sexta-feira, outubro 05, 2012

COLEGAS FEMINISTAS E SIMPATIZANTES

Não se nasce mulher, torna-se mulher* 5 de Outubro de 2012 Por ofensiva Deixa um Comentário Por: Pâmela Cervelin** A palavra cantada, de rima lavrada, abre passagem para uma prosa sobre histórias da caminhada. Na procura de indícios, o possessivo inerente aos escritos sobre histórias de vida não implica somente em uma, pelo contrário, chama para a sua prosa várias histórias, algumas conjugadas, outras desencontradas e todas à mercê de loucuras possíveis, abertas ao ato de perceberem os fios condutores das suas construções com os discursos sociais e culturais, arquitetados, requintados e (de)organizados historicamente. Devorei as palavras de Michelle Perrot e a antropofagia, enquanto processo cultural que me pauta, fez-me deglutição de letras. Comê-las, assimilando a essência e devolvê-las transformadas e transgredidas com os fragmentos do meu corpo. O ato de escrever e arremessar palavras escritas ao público é um fio de algodão que pede licença ao seu silêncio [este ainda destinado às mulheres]. É no silêncio que as palavras germinam. E são nos questionamentos e na subversão deste silêncio que emergimos oralidade e atravessamos as ondas. Ao transcrever vestígios do meu corpo como uma construção política e cultural, integro-o com as marcas da educação destinada às mulheres. Ainda hoje há silêncios, que mesmo silêncios, estão sujeitos à vigilância [tem muita vigilância vestida de certezas, privilégios e autoridade]. Diários/correspondências: Quando criança e adolescente, a escrita privada e íntima praticada à noite, no silêncio do quarto (p.28) constituiu-se como um dos atos cotidianos. Na pauta, amores, novelas mexicanas, amigas, primas chatas, novelas mexicans, amigas, histórias de eu e os meus gatos bichanos, novelas mexicanase episódios da escola e personagens da literatura. Perrot conta que o diário íntimo era um exercício autorizado para o controle pessoal das mulheres, já que tal prática exercia uma excessiva introspecção. As cartinhas para o círculo de amigas na escola e na catequese era outra prática rotineira, me perguntando se a sociabilidade das palavras meigas e com canetinhas coloridas constituem-se como a expressão feminina recomendada pela sociedade. Educação: O processo de sexuação, com a educação destinada às meninas e a instrução dedicada aos meninos, persiste ainda? Mesmo requisitadas para todo o tipo de tarefas domésticas, a menina é mais educada do que instruída, mais vigiada, mais cuidada, afinal sentar de pernas abertas é uma afronta! Na construção das identidades, a glória é masculina e a felicidade, feminina (p.99). Assim, desde pequena, como uma aprendiza de dona-de-casa, fui marcada pelos líquidos simbólicos desta estrutura de identidade feminina que nos é imposta: a água e o leite. Estes líquidos encaixam-se no ciclo mecanizado da vassoura, do pano, da colher e da panela [podemos ainda citar o tanque, o detergente, o rodo, a esponja]. Quando entram em ação, após a prévia das propagandas televisivas dos alvejantes e amaciantes floridos e rosados e das dicas de cozinha dos programas da manhã, protagonizam juntos o varrer, o lavar, o cozinhar, o arrumar, o limpar, o encher-a-pança do marido, dos filhos, dos irmãos, do pai. Lavar a louça é uma terapia e cozinhar uma dádiva cotidiana irresistível, afinal a sedução pela comida é ainda requisitada para o funcionamento da família. Menstruação: Além da água, do leite, há um terceiro líquido simbólico: o sangue. A menstruação é tida como um incômodo, logo o sangue tem como destino o lixo do banheiro. E, se a histeria era considerada doença de mulher nervosa pela sua própria natureza, hoje a TPM é a linha contínua e requintada do controle que a medicina masculinizada e o mundo exercem sobre o nosso corpo. Mas geralmente o que se vê é o silêncio do pudor, ou mesmo da vergonha, ligado a sangue das mulheres: sangue impuro, sangue que ao escorrer involuntariamente é tido como “perda” e sinal de morte. O sangue macho dos guerreiros “irriga os sulcos da terra” de glória. O esperma é sementeira fecunda (p.44). Pois é, cresci em espaços que o sangue da mulher é impuro, sujo, com odor ruim e colocado no esquecimento do absorvente plástico. Como extrapolar as escritas noturnas, a água, o leite e o sangue e re-significá-las num movimento de construção de autonomia dos nossos vidas? Parto para percorrer páginas úmidas das escritoras femininas e da ciranda pelos direitos das mulheres. * O título da prosa é memória-palavra da Simone de Beauvoir. A prosa multiplicou-se a partir do livro Minha História das Mulheres, escrita por outra francesa, Michelle Perrot. **Pâmela Cervelin é estudante de História e militante da MMM no Rio Grande do Sul. http://marchamulheres.wordpress.com/2012/10/05/nao-se-nasce-mulher-torna-se-mulher/

quinta-feira, agosto 09, 2012

Literatura | O herói guiado pelas Mulheres: O sagrado feminino em macunaíma - O espírito da fonte nunca morre. É o misterioso feminino, e à porta da fêmea escura encontra-se a raiz do céu e da terra. É frágil, frágil, mal existe; mas toca-a; nunca se esgota. Lao Tse, Tao Te Ching

Literatura | O herói guiado pelas Mulheres: O sagrado feminino em macunaíma - O espírito da fonte nunca morre. É o misterioso feminino, e à porta da fêmea escura encontra-se a raiz do céu e da terra. É frágil, frágil, mal existe; mas toca-a; nunca se esgota. Lao Tse, Tao Te Ching Em diversas culturas do mundo, das mais primitivas às mais desenvolvidas tecnológica e culturalmente, a presença do feminino como sacro é uma constante. Por séculos, todos os heróis de todos os livros foram exclusivamente masculinos, e a mulher assumiu o papel secundário - a donzela em perigo, a mãe que ajuda na hora certa, a trapaceira que faz o herói cair. Estes estereótipos femininos são claros e constantes e, no entanto, por trás deles há algo de místico, que pode ser definido ao se comparar tais papéis com o papel do feminino segundo a cultura nórdica e celta. Nestas culturas - abandonadas e renascidas tantas vezes que passaram a integrar parte da cultura mundial e não mais apenas da sua região de origem - o feminino é considerado o Sagrado Principal. É Ela - a Deusa - quem dá a vida, quem dá direção à vida e, por fim, quem tira a vida de seus filhos. Há, nesta deusa da cultura pagã, Três Faces sob as quais ela é representada: a Donzela, a Mãe, e a Anciã. Independente dos nomes que assumem - e eles são muitos - estes são os três arquétipos do Sagrado Feminino. O surpreendente é que, apesar da influência do paganismo não ser algo reconhecido, estes arquétipos se repetem em diversas mulheres representadas em cada livro e poema que lemos - eles são as bases da feminilidade cultural, os papéis que cada mulher assume em sua vida, mesmo que não o perceba. A Donzela é a representação da inocência e juventude - não se referindo exclusivamente ao caráter sexual. É ela quem instiga o herói a seguir seu caminho, sem fazer necessariamente parte dele, mas inspirando-o. A Mãe é a doadora da vida, aquela que nutre e faz crescer - literal ou metaforicamente - o herói. Ela pode ser a criadora e também a destruidora, assim como o é na natureza. Ela protege e assegura justiça. A Anciã tem como função acompanhar o herói em seus últimos passos - o que conduz ao seu fim - seja esse fim a sua morte ou apenas a conclusão de sua jornada. É a face mais temida das três, pois é ela quem introduz o desconhecido ao herói. Na obra Macunaíma3, de Mário de Andrade, onde o autor descreve diversas lendas e mitos da cultura indígena brasileira, estas três faces aparecem constantemente, com uma claridade absoluta, como será descrito a seguir tomando como exemplos personagens femininos centrais do texto. Sofará, a esposa de Jiguê (irmão de Macunaíma) é quem transforma Macunaíma de criança em homem - transformando- o em "príncipe" -; ela é apenas uma das muitas mulheres que, ao longo do livro, representam a face da Donzela. Ela faz com que Macunaíma se perceba não mais como criança, mas como indivíduo adulto, interessado em tudo que o mundo não-infantil pode lhe oferecer: apanha do irmão por desfrutar de sua esposa, mas passa a ser reconhecido como ameaça pelos outros homens, tornando-o, assim, um homem também. Iriqui, a segunda esposa de Jiguê, firma Macunaíma como adulto - desta vez, o próprio irmão o reconhece como o herói principal, e deixa da mulher para que ela fique com o irmão - diferente do que acontece com Soforá, Macunaíma é mais ameaça do que ameaçado. Imperador do Mato Virgem O herói se atirou por cima dela para bincar. Ci não queria. Fez lança de flecha tridente enquanto Macunaíma puxava de pajeú. Foi um pega tremendo e por debaixo da copada rebovam os berros dos briguentos diminuindo de medo os corpos dos passarinhos. O herói apanhava. Recebera já um murro de fazer sangu no nariz e um pau fundo de txara no rabo. A icamiaba não tinha nem um arranhãozinho e cada gesto que fazia era mais sangue no corpo do herói soltando berros formidandos que diminuíram de medo os corpos dos passarinhos. Afinal se vendo nas amarelas porque não podia mesmo com a icamiaba, o herói deitou fugindo chamando pelos manos: - Me acudam que sinão eu mato! me acudam sinão eu mato! Os manos vieram e agarraram Ci. Maanape trançou os braços dela por detrás enquanto Jiguê com a murucu lhe dava uma porrada no coco. E a icamiaba caiu sem auxílio nas samambaias da serrapilheuira. Quando ficou bem imóvel, Macunaíma se apoximou e brincou com a Mãe do Mato. Vieram então muitas jandaias, muitas araras vermelhas tuins coricas periquitos, muitos papagaios saudar Macunaíma, o novo Imperador do Mato-Virgem. Macunaíma, Mário de Andrade A Mãe de Macunaíma, sendo referida ao longo dos trechos em que aparece apenas como Mãe, representa, na verdade, a Anciã - é ela quem abandona Macunaíma quando este é ruim para os irmãos, e faz com que ele enxergue seu próprio caminho. Uma vez que ele o encontra, ela se vai, falecendo. Curiosamente, no capítulo seguinte, surge Ci, a mulher mais importante da vida de Macunaíma, completando o ciclo metafórico da vida - não pode haver, na vida do herói, duas mulheres ao mesmo tempo. Macunaíma só está livre para realmente se entregar a Ci porque sua mãe - aquele que o leva ao seu fim - se foi. Ci - talvez por ser uma espécie de deusa independente do papel que tem na vida de Macunaíma - é a representação mais completa das três faces do Sagrado Feminino em todo o livro. Ela é, por si só, Donzela, Mãe e Anciã no ciclo de vida de Macunaíma - o desafia, a princípio, instigando-o a lutar por ela, lembrando, de fato, outro mito da cultura celta: a caçada do cervo, onde o homem se prova como adulto quando consegue alcançar sua caça - caça essa muitas vezes representada pela sua noiva. Os arquétipos femininos se repetem, dando uma unidade ao papel da mulher: a instigadora, a guia, a morte do herói. Como Mãe, ela instiga seu crescimento - ele passa a ser o Imperador do Mato Virgem , alcançando seu potencial completo, antes do começo de sua queda. O próprio nome de Ci significa "Mãe do Mato", complementando esta faceta de seu personagem em relação ao herói. Por fim, Ci morre e sobe às estrelas, tornando- se uma estrela também - sua face de Anciã se mostra aqui, quando ela deixa o herói para trás, com uma missão e os meios de cumpri-la: retomar a Muiraquitã para poder encontrar Ci mais uma vez, recomeçando o ciclo de Donzela, Mãe e Anciã. Por todo o livro os referenciais femininos são fortes e explícitos - apesar de extremamente sexualizadas e erotizadas, as mulheres de Macunaíma, um herói sem nenhum caráter não são idealizadas, nem tampouco perfeitas, assim como também não o é seu herói. Se analisados em profundidade - mesmo em seu contexto indígena e, a um primeiro olhar, completamente diferentes dos pressupostos pagãos nórdicos, os arquétipos se repetem, dando uma unidade ao papel da mulher: a instigadora, a guia, a morte do herói.

quarta-feira, junho 20, 2012

A ORIGEM DO MUNDO

Por que a imagem da vagina provoca horror? Diante da origem do mundo, ela deu um grito ELIANE BRUM Muitos anos atrás, não sei precisar quantos, deparei-me com o quadro A origem do mundo (L’Origine du Monde, 1866) e me encantei. Nele, o francês Gustave Courbet pinta uma vagina. Cheguei a ela desavisada e fui tomada por uma sensação profunda de beleza. Forte o suficiente para sonhar, deste então, com a compra de uma reprodução, um plano sempre adiado. Quando passei a trabalhar em casa, há dois anos, desejei ainda mais ter o quadro na parede do meu escritório, onde reúno tudo aquilo que me apaixona em um pequeno universo perfeito e só meu. No último aniversário, em maio, meu marido me deu a reprodução de presente. Só na semana passada, porém, o quadro chegou da vidraçaria onde fez escala para receber moldura. Então, algo inusitado aconteceu. Ouvi um grito: - É o fim do mundo! Eu estava no quarto e saí correndo, alarmada, para ver o que tinha acontecido. Encontrei Emilia, a mulher que limpa nossa casa uma vez por semana, com o rosto tomado por um vermelho sanguíneo, diante de A origem do mundo, que, ainda sem lugar na parede, jazia encostado em um armário. - É o fim do mundo! – gritava ela, descontrolada. – Nunca pensei ver algo assim na minha vida! Eliane, que coisa horrível! Meio atordoada, eu repetia: “Não é o fim do mundo, é o começo!”. E depois, sem saber mais o que fazer para acalmá-la, me saí com essa estupidez: “É arte!”. Como se, por ser “arte”, ela tivesse de ter uma reação mais controlada, quando é exatamente o oposto que se espera. Beirando o desespero diante do desespero dela que eu não conseguia aplacar, apelei: “Mas, Emilia, metade da humanidade tem vagina – e a humanidade inteira saiu de uma vagina! Por que você acha feio?”. O fato é que, para Emilia, era o fim do mundo – e não o começo. Tentei fazer piada, mas percebi que a perturbação não viraria graça. A questão para ela era séria – e ela só não pedia demissão porque trabalha há 12 anos comigo e temos um vínculo forte. Naquele dia, Emilia despediu-se incomodada e passei a temer que talvez ela não suporte olhar para o quadro a cada quinta-feira. Por que Emilia, uma mulher adulta, que me conta histórias escabrosas da vida real, se horrorizou com a visão de uma vagina? Por que eu me encantei com a visão de uma vagina? Quando vivo uma experiência de transcendência, em geral eu não quero saber sobre a história da pintura que a produziu, porque temo perder aquilo que é só meu, a sensação única, pessoal e íntima que tive com aquela obra. É uma escolha possivelmente besta, mas faz sentido para mim. Por isso, eu quase nada sabia sobre “A origem do mundo”, para além do fato de que eu a adorava. Só no ano passado, ao ler um pequeno livro sobre um dos grandes nomes da história da psicanálise, o francês Jacques Lacan, soube que ele foi o último dono da pintura. Nos anos 90, sua família doou o quadro para o Museu D’Orsay, em Paris, onde está desde então. Graças ao estranhamento de Emilia, transtornada que foi pela experiência artística quando se preparava para passar o pano no chão, fui levada a um percurso inesperado. Descobri que A origem do mundo causa escândalo desde que foi pintada. E agora quem está horrorizada sou eu, mas pela ausência de horror em mim diante do quadro. Por quê? Por que eu não sinto horror? O que há de errado comigo que não sinto horror?, cheguei a me perguntar. De repente, nossas posições, a minha e a de Emilia diante do quadro, inverteram-se. Eu, que não compreendia o horror dela, passei a suspeitar do meu não horror. Eis uma breve trajetória da obra. A origem do mundo foi encomendada a Courbet, um pintor do realismo, por um diplomata turco chamado Khalil-Bey. Colecionador de imagens eróticas, ele pediu um nu feminino retratado de forma crua. E Courbet lhe entregou um par de coxas abertas, de onde despontava uma vagina após o ato sexual. A obra teria sido instalada no luxuoso banheiro do milionário, atrás de uma cortina que só se abria para revelar o proibido para uns poucos escolhidos. Khalil-Bey teria perdido a pintura em uma dívida de jogo, momento em que a tela passa a viver uma série de peripécias. O quadro teve vários donos e, ao que parece, todos o escondiam atrás de uma cortina ou de uma outra pintura. Na II Guerra Mundial, algumas versões afirmam que chegou a ser confiscado pelos nazistas do aristocrata húngaro ao qual pertencia. Em seguida, passou uma temporada nas mãos do Exército Vermelho. Até que, após uma acidentada jornada, em 1954 foi comprado por Lacan e instalado na sua famosa casa de campo. Até mesmo Lacan, um personagem pródigo em excentricidades e sempre disposto a chocar as suscetibilidades alheias, ocultava o quadro com uma outra pintura, encomendada ao pintor surrealista André Masson com esse objetivo. Como uma porta de correr, esse “véu” retratava uma vagina tão abstrata que só um olhar atento a adivinhava. Apenas visitantes especiais ganhavam o direito de desvelar e acessar a vagina “real”. Segundo Elisabeth Roudinesco, a biógrafa mais notória de Lacan, o psicanalista gostava de surpreender os amigos deslocando o painel. Anunciava então “A origem do mundo”, com a seguinte declaração: “O falo está dentro do quadro”. Boa parte dos intelectuais apresentados à tela ficava, como Emilia, bastante incomodada. Por quê? Que há algo perturbador no órgão sexual feminino não há dúvida. Até nomeá-lo é um problema. Vagina, como tenho usado aqui, parece excessivamente médico-científico. É como pegar a língua com luvas cirúrgicas. Boceta ou xoxota ou afins soa vulgar e, conforme o interlocutor, pejorativo. É a língua lambuzada pelo desejo sexual – e, por consequência, também pela repressão. Não há distanciamento, muito menos neutralidade possível nessa nomeação. É uma zona cinzenta, entregue a turbulências, e a palavra torna-se ainda mais insuficiente para nomear o que Courbet chamou de “A origem do mundo”. Para Lacan, “o sexo da mulher é impossível de representar, dizer e nomear” – uma das razões pelas quais teria comprado o quadro. Em busca de respostas para o horror de Emilia, que, por oposição, revela o meu não horror, naveguei por algumas interpretações do quadro – e da perturbação gerada por ele. Jorge Coli, historiador, crítico de arte e autor de um livro sobre Courbet para a editora francesa Hazon, assim comentou sobre A origem do Mundo, em um artigo publicado em 2007: “Parece-me a radicalização do processo de transformar a mulher em um objeto orgânico, pois ele esconde a cabeça (pensante) e os braços e pernas (elementos da ação). Vemos a ponta do seio e, sobretudo, o sexo”. Coli assinala que uma das questões do século XIX era a ameaça do desejo contida no feminino. Inerte, entregue à contemplação, a mulher não ameaçaria. Em algumas manifestações escandalizadas, o fato de Courbet ter “reduzido” a mulher a um pedaço da anatomia foi considerado uma afronta. Uma mulher sem cabeça, sem braços, sem história. A pintura chegou a ser definida pelo escritor e fotógrafo francês Maxime Du Camp como um “lixo digno de ilustrar as obras do Marquês de Sade”. Análises mais psicanalíticas explicam o horror de quem olha pela castração. Diante do espectador, entre as coxas abertas da mulher se revelaria a ferida aberta, a falta, a impossibilidade de ser completo. As mulheres se horrorizariam pela constatação da castração, os homens pelo temor a ela. Se alguns olhares produzem pistas, outros reforçam apenas o incômodo que a obra produzia. O efeito do quadro já foi tentado em fotografias de mulheres, em geral prostitutas, colocadas na mesma posição, mas o resultado revelou-se diverso. Ao transpor para a fotografia, não é mais a imagem de Courbet, mas outra. Até que, em 1989, uma artista francesa, Orlan, fez algo marcante – e com grande potencial para gerar polêmica – a partir da obra original. Ela reproduziu a pintura trocando a vagina por um pênis – ou a boceta por um caralho. E chamou-a de A origem da guerra. Olhar para essa imagem causa um estranhamento, especialmente porque a posição, deitada de costas, é muito mais íntima da mulher do que do homem. O pênis, no caso, se oferece ereto ao olhar, mas a partir de um corpo na horizontal, entregue. É instigante, desde que a provocação não seja reduzida a um feminismo indigente, banalizado pela crença pueril do “a mulher gera a vida, o homem a morte”. A intenção de Orlan, segundo Roudinesco, era bem mais refinada. Ela “pretendia desmascarar o que a pintura dissimulava, realizando uma fusão da ‘coisa’ irrepresentável com seu fetiche negado”. Reivindicava então a “imprecisão do gênero e da identidade” que marca o nosso tempo, anunciando, por sua vez: “Sou um homem e uma mulher”. O que se pode afirmar é que Courbet revelou o que está sempre coberto, oculto, escondido. No Carnaval brasileiro, por exemplo, como lembra a psicanalista Maria Cristina Poli em um artigo interessante sobre o feminino, tudo é exposto – e até superexposto – do corpo da mulher, menos a vagina. Mas a força do quadro não está só no “mostrar”. Há algo de incapturável e único na forma como Courbet mostrou o “imostrável”, já que a transposição da imagem para a fotografia não causa o mesmo efeito. E o que é? Não sei. A vagina pintada por Courbet é peluda como não vemos mais nos dias de hoje. A depilação quase total do sexo feminino tornou-se um popular produto de exportação do Brasil. Tanto que virou um dos significados da palavra “Brazilian” no renomado Dicionário Oxford: "Estilo de depilação no qual quase todos os pelos pubianos da mulher são retirados, permanecendo apenas uma pequena faixa central”. Pelo visto, a partir dos trópicos supostamente liberados e sexualizados, a vagina depilada virou um clássico contemporâneo. Este é um ponto interessante. Ao primeiro olhar, a extração dos pelos serviria para revelar mais a vagina, mas me parece que este é mais um daqueles casos, bem pródigos na nossa época, em que se mostra para ocultar – a superexposição que ofusca e cega. A vagina sem pelos é uma vagina flagelada – e arrancar os pelos com cera é mesmo um flagelo. É também uma vagina infantilizada pela força. E é ainda uma vagina esterilizada, já que vale a pena lembrar que no passado recente essa depilação agressiva só acontecia nos hospitais para, supostamente, facilitar o parto. “Se não depilo totalmente, me sinto suja”, disse-me uma amiga. Suja? Em janeiro de 2000, a atriz Vera Fischer exibiu sua vagina peluda em um ensaio fotográfico da revista Playboy. Causou furor. Falou-se na “Mata Atlântica”, na “Amazônia”, na “selva” onde sempre é perigoso penetrar. Havia algo de poderoso e incontrolável na vagina em estado “natural” de Vera Fischer, e a polêmica se fez. Era uma mulher não domesticada ali. Uma mulher adulta. Não me parece – e nunca saberemos se tenho razão – que, se Courbet tivesse pintado uma vagina careca, ela teria causado tanto o horror de Emilia quanto o êxtase em mim. A vagina pintada por Courbet é uma vagina que revela. Mas o quê? Não sei. A maravilha da arte é que ela nos transtorna sem a menor intenção de nos dar respostas – muito menos caminhos a seguir. A arte é sempre labiríntica. Não há sentimentos “certos” ou “errados” diante da expressão artística, há sentimentos apenas. Movimentos. Que nos levam por aí, aqui. É em respeito a essa ideia que decidi não colocar nenhuma imagem do quadro aqui, nem mesmo um link – ou um atalho – para a imagem na internet. A busca da origem do mundo é pessoal e intransferível. Assim como a decisão de buscá-la. A obra de Courbet sempre foi oculta por uma outra pintura. Ou cortina. Exceto agora, que a exibição no museu deu a ela uma espécie de salvo-conduto, por ser ali “o lugar certo”. De algum modo, até então, a vagina mais famosa da História da Arte fora coberta por um véu – além do véu representado pela própria pintura. Decidi não cobrir minha reprodução de A origem do mundo com uma burca. Vamos ver o que acontece.

domingo, junho 10, 2012

Viviane Mosé (Parte 6) « Conexão Roberto D'Ávila

Revista Cult » Coronelismo intelectual

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Revista Cult » O crime de Lady Gaga

Revista Cult » O crime de Lady Gaga

FUCK YOU! MUSIC BY LILY ALLEN

Restaurante cria maior fazenda urbana de Nova York

Plantação no meio da cidade pretende ser alternativa sustentável para alimentação.
Rúcula, alface, couve, chicória, majericão: a fazenda urbana fornece alimentos frescos para um restaurante em Nova York.

Nos Estados Unidos, em Nova York, proprietários de um restaurante em busca de práticas ambientalmente sustentáveis decidiram cultivar os próprios alimentos que são utilizados no lugar. Em parceria com o Centro de Ciências e Tecnologia Alexandria, em Manhattan, o restaurante Riverpark instalou, no complexo de prédios, o que hoje é a maior fazenda urbana da cidade.

A plantação, com cerca de 1,4 mil metros quadrados, fica ao lado do estabelecimento e fornece produtos frescos todos os dias para os clientes da casa. Cerca de 6 mil plantas são cultivadas no espaço e a ideia é oferecer, no cardápio do restaurante, produtos sazonais, de acordo com a oferta de alimentos disponíveis na "lavoura" urbana. Entre as culturas estão alface, rúcula, couve, chicória, manjericão, cebolinha, coentro, tomilho, rabanete, beterraba, vagem, berinjela, cenouras, pimentas, tomates e frutas.

Editora Globo
Quem coordena a produção é o próprio restaurante. Os resíduos orgânicos viram adubo

O projeto foi desenvolvido para ser sustentável tanto ecologicamente quanto econômica e socialmente, além de ser móvel, podendo ser transportado com facilidade para qualquer outro espaço já que ficam em caixas plásticas. Os cozinheiros do restaurante visitam todos os dias a plantação para conversar com os funcionários do lugar e definir quais as melhores formas de cultivo e saber o que eles vão ter para trabalhar nos pratos que serão servidos no restaurante. O lixo orgânico produzido pelo restaurante e que seria desperdiçado é utilizado em compostagem que vira um fertilizante natural para as plantas.

O terreno ocupado pela plantação é provisório. O Centro Alexandria pretende construir um espaço próprio para a fazenda, mas, devido à instabilidade econômica dos últimos anos, a construção está parada.

Os organizadores do projeto dizem que espaços como este são interessantes em terrenos baldios, além de estimular o interesse local, engajar a comunidade e fazer bem para o meio ambiente.
Fonte: Revista Globo Rural

Phoenix - Long Distance Call (A Take Away Show)

domingo, abril 15, 2012

DIPLOMACIA BRASILEIRA

Eu dei uma entrevista sobre este tema

http://www.canal.fiocruz.br/video/index.php?v=diplomacia

TAMBÉM ESTOU NO YOUTUBE

http://www.youtube.com/user/dianprabha

A VIDA SIMPLES NO CAMPO

A vida simples no campo

Eu acordo

O café cheira

O sol esquenta

O gato pula

O cachorro late

O passarinho canta

O vento assopra

A chuva molha

A flor abre

A árvore dá fruto

A grama cresce

O céu escurece

A estrela brilha

A lua aparece

O galo canta

Eu durmo


(Clara - Osório - Abril de 2012)

HI KI ESCRITO POR MIM

Escrevi este na semana da Páscoa, durante minha estada no Rio Grande do Sul


A Cora Coralina sempre se soube

Mas só foi descoberta na velhice

Eu também sempre me soube

Já não estou na mocidade

Nem tão pouco na velhice

Nem sei se vou permitir que me descubram

O fato de eu saber-me tem me bastado

Mas também tem-me afastado dos outros

Quanto mais eu me sei, menos os outros me sabem...

(Clara - abril 2012)

Revista Cult » Ocupe – Desocupe

Revista Cult » Ocupe – Desocupe

domingo, março 25, 2012

Maximização versus otimização

http://leonardoboff.wordpress.com/2012/03/17/maximizacao-versus-otimizacao/

Há uma ética subjacente à cultura produtivista e consumista, hoje vastamente em crise por causa da pegada ecológica do planeta Terra, cujos limites foram ultrapassados em 30%. Nunca mais vamos ter a abundância de bens e serviços como até há pouco tempo dispúnhamos. A Terra precisa de um ano e meio para repor o que lhe extraímos durante um ano. E não parece que a fúria consumista esteja diminuindo. Pelo contrário, o sistema vigente para salvar-se, incentiva mais e mais o consumo que, por sua vez, requer mais e mais produção que acaba estressando ainda mais todos os ecossistemas e o planeta como um todo.
A ética que preside a este modo de viver é a da maximização de tudo o que fazemos: maximizar a construção de fábricas, de estradas, de carros, de combustíveis, de computadores, de celulares; maximizar programas de entretenimento, novelas, cursos, reciclagens, produção intelectual e científica. A roda da produção não pode parar, caso contrário ocorre um colapso no consumo e nos empregos. No fundo, é sempre mais do mesmo e sem o sentido dos limites suportáveis pela natureza.
Imitando Nietzsche perguntamos: quanto de maximização aguenta o estômago físico e espiritual humano? Chega-se a um ponto de saturação e o efeito direto é o vazio existencial. Descobre-se que a felicidade humana não está em maximizar, nem engordar a conta bancária, nem o número dos bens na cesta de produtos consumíveis. O fato é que o ser humano possui outras fomes: de comunicação, de solidariedade, de amor, de transcendência, entre outras. Estas, por sua natureza, são insaciáveis, pois podem crescer e se diversificar indefinidamente. Nelas se esconde o segredo da felicidade. Mas nas palavras do filósofo Ludwig Wittgenstein citando Santo Agostinho:“tivemos que construir caminhos tormentosos pelos quais fomos obrigados a caminhar com multiplicadas canseiras e sofrimentos, impostos aos filhos e filhas de Adão e Eva” para chegar a esta tão buscada felicidade.
Logicamente precisamos de certa quantidade de alimentos para sustentar a vida. Mas alimentos excessivos, maximizados, causam obesidade e doenças. Os países ricos maximizaram de tal maneira a oferta de meios de vida e a infra-estrutura meterial que dizimaram suas florestas (a Europa só possui 0,1% de suas florestas originais), destruíram ecossistemas e grande parte da biodiversidade, além de gestar perversas desigualdades entre ricos e pobres.
Devemos caminhar na direção de uma ética diferente, a da otimização. Ela se funda numa concepção sistêmica da natureza e da vida. Todos os sistemas vivos procuram otimizar as relações que sustentam a vida. O sistema busca um equilíbrio dinâmico, aproveitando todos os ingredientes da natureza, sem produzir lixo, otimizando a qualidade e inserindo a todos. Na esfera humana, esta otimização pressupõe o sentido de auto-limitação e a busca da justa medida. A base material sóbria e decente possibilita o desenvolvimento de algo não material que são os bens do espírito, como a solidariedade para com os mais vulneráveis, a compaixão, o amor que desfaz os mecanismos de agressividade, supera os preceitos e não permite que as diferenças sejam tratadas como desigualdades.
Talvez a crise atual do capital material, sempre limitado, nos enseje viver a partir do capital humano e espiritual, sempre ilimitado e aberto a novas expressões. Ele nos possibilita ter experiências espirituais de celebração do mistério da existência e de gratidão pelo nosso lugar no conjunto dos seres. Com isso maximizamos nossas potencialidades latentes, aquelas que guardam o segredo da plenitude, tão ansiada.
Leonardo Boff é autor de Tempo de Transcendência: o ser humano como projeto infinito, Vozes 2005.

quarta-feira, janeiro 25, 2012

Sobre programas como BBB


Sobre programas como BBB

Enchi um pouco o saco de tanto ouvir falar de BBB. Um monte de gente no Face reclamando, pedindo par ao programa sair do ar. Eu fico de cara com estas coisas. Não sei há quanto tempo este programa está no ar e nem vou me dar ao trabalho de ver, mas deve ser uns 10 anos.

Estranho que só agora a ficha caiu de que o programa é uma porcaria e que não leva a lugar nenhum, assim como a maioria dos outros programas de TV, da maioria das emissoras.

Eu não vejo, não gosto, não me interessa, definitivamente, este tipo de programa, e posso dizer que nunca assisti a um único capítulo, mas também não vejo a maioria dos programas de TV. Mas acho que se a pessoa gosta, que veja. Quem não estiver a fim de ver, que troque de canal, como eu faço, como todo mundo faz com os outros programas quando não querem ver. Se o programa está no ar há tanto tempo, é porque tem audiência, tem patrocinadores grandes.

Eu fico me perguntando o que faz uma pessoa querer ver estes tipos de programas e concluo que é porque as pessoas não lêem, não ouvem música, não fazem esporte, não vêem filmes, não conseguem ficar sozinhas em casa, fazendo uma destas coisas acima, não costumam ver programas de TV que acrescentam alguma coisa, que te deixem informado, que te modifiquem para melhor, como documentários, jornais, acho que até novelas conseguem passar alguma informação, suscitar algum debate salutar. Faltam programas educativos, lazer, shows, enfim, mais programas gratuitos; faltam, nas escolas, matérias como arte, música, filosofia, sociologia que fazem a pessoa pensar por si, que fazem a pessoa se questionar.

Eu acho tão estranho uma pessoa olhar um programa como BBB e não se perguntar: O              quê este programa me acrescenta? Em que ele me torna uma pessoa melhor? O quê eu ganho vendo um programa destes? Sei lá, perguntas básicas que as pessoas deveriam se fazer o tempo todo, não só quando assistem TV, mas no ambiente de trabalho, em várias outras situações.

Mas ainda assim, se a pessoa gosta e acha que está ganhando algo vendo programas deste tipo, pois que veja. Ficar crucificando o programa, agora, uns 10 anos depois e continuar vendo outras tantas porcarias, iguais ou piores, não tá com nada. Eu tenho por base o Facebook, que serve como um ótimo termômetro de como as pessoas estão pensando, as expectativas, as buscas e realizações de cada um. Tem tanta gente sem noção, carente, que publica coisas absolutamente desnecessárias. Quem é psicólogo, sociólogo, antropólogo sabe do que estou falando...