No meio desta loucura toda que o
Brasil está passando, esta crise econômica e todas as denúncias de corrupção,
sem precedentes, eu fico tentando entender o comportamento destas pessoas. Crise econômica já passamos por outras antes, mas
de se estar investigando e mostrando todos os “podres” por trás dos bastidores
e se constatar os números assustadores de pessoas envolvidas, nunca tínhamos
visto antes.
Pois bem, fico me perguntando o
que leva uma pessoa a ter tanta ganância, a querer deliberadamente roubar do país, do povo e, por
consequência, de si mesmos porque quando se rouba tanto assim não se está
roubando só em valores matérias. Sim,
porque os desvios são de verbas que são do país, que deveriam estar
sendo revertidas para o bem estar social, como educação, saúde, trabalho etc.
Qual o limite do ter? Por que é
tão importante ter?
Estes homens e mulheres que estão
sendo investigados, nem todos políticos, foram criança um dia, tiveram ou ainda
têm pai e mãe, familiares de forma geral.
A minha pergunta é: O que os pais
destas pessoas ensinaram a elas? Que valores foram passados? Porque eu não
consigo imaginar nenhum deles, quando criança, ouvirem dos pais algo do tipo:
“- Meu filho (a) quando crescer seja desonesto
(a), roube, minta, engane, passe a perna no próximo, prejudique o máximo
possível seu País, desvie verba pública em benefício próprio, seja egoísta, enfim,
seja corrupto!” Alguém consegue imaginar?
Tirando um caso ou outro de
família de políticos brasileiros que sabemos que o mau-caratismo passou de pai
para filha, não consigo imaginar esta cena.
Então, a outra pergunta que me
vem à cabeça é em que momento resolveram passar para o ”lado negro da força”,
quando esta inversão de valores, este egoísmo e arrogância se deram?
As pessoas envolvidas nas
investigações são de diferentes regiões do Brasil, diferentes idades, diferentes gêneros e diferentes partidos
políticos. Eu não conheço as histórias de vidas dessas pessoas mas certamente
tiveram pai, mãe, avô, avó, tios, tias, irmãos, irmãs, enfim, alguém que os
tenha criado e eu insisto em dizer que não consigo conceber que tenham ensinado
aos investigados por corrupção a serem corruptos.
Em algum momento a “ocasião fez o
ladrão”. Eu sei que a corrupção no
Brasil é cultural e que vem de longa data mas estou me atendo aos casos
recentes pois são emblemáticos.
As pessoas, inclusive eu, ficam
se perguntando o que será das novas gerações? Que Brasil as novas gerações
terão? Mas as gerações de hoje já foram jovens ontem e o que mudou? Ou o que
vai mudar? Investigar e punir todos os envolvidos, independente de partido,
todos querem, mas que garantias temos que as novas gerações não farão o mesmo?
Tem um hiato aí no meio disto
tudo porque se respondemos que a partir de agora os próximos políticos e qualquer
pessoa que queira se envolver com corrupção vai pensar duas vezes antes porque
sabe que será punida. Mas já não era para se pensar assim antes da história
toda vir à tona?
Honestamente, eu gostaria de
entender os desonestos. Eu queria entender esta concepção do “ter para poder
ser”.
Será que eles achavam que nunca
seriam pegos ou que o risco de isto acontecer era tão improvável que valia a
pena arriscar? Ou será que achavam que mesmo que fossem pegos, nada aconteceria
com eles nem com o dinheiro roubado?
Eu ainda não vi os jornalistas,
as pessoas em geral, tentando descobrir os motivos pelos quais os corruptos são
corruptos. Daí você pode dizer: simples! A ganância. Ok, a ganância. Mas minha dúvida, o que me intriga, é
o porquê da ganância e em que momento da vida ela passa a ser um valor para uma
pessoa.
Qual o problema de viver honestamente
com o que se ganha, de se estudar, trabalhar, tentar sim melhorar de vida, mas
de forma honesta? Quanta gente, neste
momento, está desempregada no Brasil e ainda assim permanece honesto, correto,
buscando soluções criativas, inteligentes de contornar a crise, sem ser
roubando?
Eu não sou contra a pessoa querer
mais, querer melhorar de vida. Pelo contrário.
Querer ser melhor, ter uma vida melhor, é sinônimo de evolução e deveria
ser uma busca de cada um. O que me incomoda são os meios para se alcançar isto.
Vou levantar esta bola para os
psicólogos, psiquiatras, antropólogos, sociólogos, polícia federal, ministério
público etc. cortarem. Se alguém souber me explicar, por favor, me diga.
Clara Santos – Jornalista e
honesta J dianprabha@gmail.com