Gazeta do Povo, em
Curitiba, denunciou que o rendimento médio dos juízes e promotores superava o teto
constitucional do funcionalismo público, de mais de R$ 30 mil.
Foi bastante divulgada a notícia da denúncia dos salários
dos juízes e o fato deles não terem gostado, ao ponto de processarem os
jornalistas que divulgaram. O que foi pouco divulgado foi que os jornalistas
pegaram os salários dos juízes do próprio Portal de Transparência do órgão.
Outro fato que as pessoas esquecem é que salário de funcionário público, como o
nome diz, é público, tem que ser divulgado nos portais de transparência dos
órgãos. Existe uma Lei Federal que determina isto.
Juízes e promotores moveram várias ações contra três
repórteres e outros dois profissionais do jornal Gazeta do Povo, do Paraná, após
a publicação de reportagem sobre os vencimentos dos magistrados e
representantes do Ministério Público.
A reportagem, publicada em fevereiro, mostrava que, somadas
as gratificações, o rendimento médio dos juízes e promotores superava o teto
constitucional do funcionalismo público, de mais de R$ 30 mil. "Essas
ações adicionais só mostram que tem mais alguns juízes que não conseguem
entender que a função que eles exercem é pública, e que a remuneração deles faz
parte de um debate público necessário", disse o diretor de redação do
jornal, Leonardo Mendes Júnior.
As ações judiciais foram alvo de notas de repúdio da
Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Associação Nacional
de Jornais (ANJ), Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Federação
Nacional de Jornalistas (Fenaj), cujos dirigentes denunciaram o "assédio
judicial" na sexta-feira passada, no 29.º Congresso Mundial dos
Jornalistas, em Angers, na França.
Acontece que o “feitiço virou contra o feiticeiro” e esta
semana o presidente da ONG Transparência Internacional, José Carlos Ugaz,
esteve no Brasil, visitando o juiz Sérgio Moro, para dar apoio às ações da Lava
Jato, e também dar apoio aos jornalistas e ao jornal Gazeta do Povo e prestou
solidariedade aos jornalistas e disse que a Transparência Internacional irá
denunciar o caso.
Infelizmente pouca gente se interessa em acompanhar notícias
sobre os gastos públicos, sobre o que é feito com nosso dinheiro, mas a Câmara
dos Deputados deve votar nas próximas semanas um projeto de lei do governo
federal que pretende regulamentar o teto dos servidores públicos, na tentativa
de impedir que gratificações, benefícios e outros “penduricalhos” façam com que
o salário de funcionários públicos fique acima do determinado pela
Constituição. Hoje, há diversos exemplos de servidores que ganham remuneração
acima da dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) graças a manobras
contábeis.
A inclusão do Fundo de Participação dos Estados (FPE) na
base de cálculo da divisão dos recursos entre os poderes do estado garantiu
disponibilidade de recursos para o pagamento dos altos vencimentos de
magistrados, procuradores e promotores. Desde 2011, as receitas do FPE são
incluídas no bolo a ser distribuído. Em 2015, isso representou R$ 428 milhões a
mais para o Tribunal de Justiça (TJ), o Ministério Público (MP), o Tribunal de
Contas (TC) e a Assembleia – e, logicamente, R$ 428 milhões a menos para o
governo.
Em três de junho deste ano a Revista Epoca também publicou
uma matéria bastante elucidativa, cujo título é: “Marajás do judiciário:
"legalidades" com $$ da república”. Fica a dica para quem quiser ler
e formar uma opinião... (Clara Santos)
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