EDITORIAL
Semana passada foi bastante divulgada pela imprensa a morte,
por suicídio, da gaúcha ex Miss Brasil 2004, Fabiane Niclotti, de 31 anos. Antes
de morrer, ela deixou recomendações escritas à família. Conforme o delegado
Gustavo Barcellos, que investiga o caso, Fabiane escreveu bilhetes com
instruções que gostaria que fossem atendidas, como o destino do seu cachorro,
do carro e também do seu velório, ocorrido na quarta-feira (29).
A notícia trouxe à tona duas discussões cada vez mais
recorrentes, a depressão e o suicídio. Conforme as notícias iam sendo
divulgadas sobre os detalhes e depoimentos, foi revelado que a jovem tinha
depressão. Além de divulgar a notícia fiquei atenta aos comentários. Muitos
diziam que ela sempre sorria, ia trabalhar, era linda, tinha tudo, que ninguém
poderia imaginar. Bem, pessoas com depressão geralmente escondem que têm esta
doença. É uma doença e como qualquer doença, deve ser tratada por um
profissional adequado. A depressão, que segundo divulgações do início de 2016,
já atinge 350 milhões de pessoas, é considerada o mal do século XXI pela
Organização Mundial da Saúde.
Muita gente insiste em não reconhecer que é uma doença. Os preconceitos
e estigmas que costumam ser relacionados a transtornos psicológicos podem
resultar, entre outros problemas, em tratamentos mal realizados ou nem
realizados, e recaídas. Um dos motivos dessa má interpretação é que, muitas
vezes, o problema é confundido com tristeza ou preocupações passageiras.
Semana passada também foi divulgado um estudo que aponta Osório
entre as cidades com maior número de suicídio. De acordo com o Mapa da
Violência, o RS tem 11 das 20 cidades brasileiras que mais tiveram suicídios. Geralmente
uma coisa leva à outra: a depressão leva ao suicídio. São raros os casos em que
uma pessoa se suicida sem ter passado por um quadro de depressão.
Ainda não se sabe quais são as origens da depressão, uma
doença complexa que tem consequências físicas e emocionais. Conhecida também
como Transtorno Depressivo Maior (TDM), é caracterizada por sinais que
interferem na habilidade para trabalhar, estudar, comer, dormir e apreciar
atividades antes agradáveis.
Se existe um aumento no número de depressões e suicídios, o que
isto nos diz? Que as pessoas estão infelizes, só para começar. É claro que felicidade
não é um sentimento constante e linear, mas você pode dizer que se considera
uma pessoa feliz? Você conhece pessoas que você considera feliz, positiva, alto
astral, alegre? Quando uma pessoa está de bem com a vida, consigo mesma ela não
pensa em suicídio. O ponto é o que leva uma pessoa a ser feliz? Como se tornar uma pessoa positiva, otimista, alegre?
É também sabido que as pessoas reagem de forma diferente a
situações parecidas. Por exemplo, muita gente entra em depressão por problemas
financeiros, desilusão amorosa, diagnóstico de doença grave, bullying na escola
etc. Outras, que passam pelas mesmas situações, conseguem transformar essas experiências em conhecimento, experiência de vida, sabedoria, autoconhecimento. O
fato é que no início dos sintomas a pessoa deve procurar um especialista.
A melhor maneira de desmistificar e derrubar estigmas sobre
os transtornos psicológicos é aprender mais sobre eles. Com toda tecnologia à
nossa disposição fica fácil pesquisar sobre o tema. (Clara Santos- Jornalista
do Jornal Momento)
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